Eu tenho medo, e digo isso assim bem alto, de me confrontar com realidades gritantemente diferentes da minha. E por que eu tenho esse medo, eu não sei.
Assisti a três filmes que me fizeram sentir isso.
O primeiro foi “Cidade Baixa”. Brasileiro e como todos os filmes brasileiros, mostra a miséria do povo brasileiro. É a história de dois amigos de infância que trabalham juntos fazendo frete em um barco e um dia conhecem Karina, um stripper. Os três acabam se envolvendo e esse envolvimento leva ao começo do fim da amizade dos dois. O filme te leva a quere entender isso, mas não mostra de verdade. Mostra os dois brigando na rua, mostra os dois indo pra casa da Karina, mostra ela cuidando dos dois e chorando. Mas o que mais mostra é a vida que essas pessoas levam e essa vida que me incomoda. Não é preconceito, não. A questão é que aquilo que é passado, prostitutas e tudo que envolve as vidas delas, não é uma coisa que eu conviva e passado do jeito que foi passado me incomodou e me deu medo de pensar que aquilo acontece e acontece todo dia. No fim o filme te deixa mais confuso do que você já estava. Mostrou-me uma Salvador que nem todo mundo conhece e me deu mais menos vontade de ir a Salvador.
Os outros dois falam da mesma coisa: viciados em heroína. São eles “Requiem for a dream” e “Trainspotting”. Nos dois os personagens são, e muito, viciados em heroína e todos acabam no fundo do fundo posso. São filmes bem feitos, a edição é impecável, mas a história é daquelas que te dá um tapa na cara e faz você parar pra olhar a desgraça que é o ser humano. “Requiem for a dream” só se difere no ponto que a mãe de um personagem é viciada em anfetaminas e não sabe, porque botou na cabeça que quer emagrecer e começou a tomar remédios pra isso. Os dois filmes não acabam bem.
Pode ser que o problema seja comigo, pode ser que eu tenha a mente muito voltada para os finais felizes dos contos de fadas e viva muito no meu mundo feliz, mas não são filmes que eu deseje ver de novo. Me senti incomodada.
