(Ela) -Martin, o que mais eu posso querer da vida?
(Martin) –Pode querer que aquela garrafa de vinho que está em cima da pia se abra sozinha e venha aqui pra cima da mesa sem que eu me levante da cadeira tão confortável que eu estou sentado.
(Ela) –Não bobo, falando sério. Quero dizer que já tenho as coisas que uma pessoa precisa pra ser feliz.
(Martin) –Então, você ainda não tem uma taça cheia do vinho da garrafa que está em cima da pia.
(Ela) –Ah, Martin! Impossível ter uma conversa com você.
(Martin) – Tá vamos falar de “coisas que se deve querer na vida”.
(Ela) –Não é isso. Eu estou falando que existem coisas que as pessoas precisam para serem felizes.
(Martin) –Você já tem essas coisas?
(Ela) –Tenho.
(Martin) – Me fale que coisas são essas que você tem.
(Ela) –Ah! Você, a nossa casa, o meu emprego, as coisas da nossa casa, o caro etc.
(Martin) –Muito materialista a sua lista de coisas necessárias para se ser feliz.
(Ela) –Ora, eu falei de você, não falei?
(Martin) –Falou, mas me achei mais uma posse material sua, nessa lista.
(Ela) –Nada a ver, Martin.
(Martin) –Sou só um troféu a mais na sua lista de conquistas.
(Ela) –Meu Deus, como que você consegue?
(Martin) –O quê?
(Ela) – Transformar tudo o que eu digo em ofensa?
(Martin) –Num é isso. Só acho que você me colocou desse jeito: um objeto.
(Ela) –Olha aqui, Martin...Quer saber? Esquece. Vou dormir.
(Martin) –...
(Ela) –Boa noite!
(Martin) –Psiu! Já que você levantou, abre a garrafa de vinho que está em cima da pai pra mim?
