8 de abril de 2008

Abstrato

Era sábado. Sábado de manhã. Sábado de manhã lá pelas sete horas. Acordou, olhou pro lado e percebeu que o sonho que havia sido tão bom a noite inteira estava dormindo com a boca aberta ao seu lado.
Levantou, foi abrir a janela. O sol, nem claro nem escuro, estava lá como sempre com um sorriso confirmando que tudo era realidade. A boca aberta se virava de um lado pro outro, não estava babando, mas bem que podia pra poder saber que era tudo de verdade mesmo.
Estava com fome. Correu na cozinha e viu que a bagunça, essa sim, poderia ser sonho, ainda estava lá. Pacotes de comidas e abraços apertados jogados na mesa, macarrões espalhados no chão junto com gritos de felicidade de todos os formatos, garrafas e sentimentos abertos pela pia. Na verdade pensou que não: a bagunça só tornava aquilo tudo mais real.
O real. A verdade. A realidade. Tudo aquilo era e era mesmo. O sábado que começava lá pelas sete horas. A boca aberta sem baba na cama, o sol claro/escuro na janela, a bagunça na cozinha. Era a realidade que não fazia ninguém querer dormir de novo.