10 de abril de 2007

Paulo ficou mais desanimado, pediu desculpa pelas pernas, perguntou se era normal dragão falar, deu de ombros e entrou. Subiu tanta escada que ‘elevador’ naquela hora era a palavra e a coisa mais lindas do mundo.
Lá de cima Karolina via tudo e estranhou quando ouviu o dragão falando (“ele fala e nunca me falou”) que ela era pior que ele. Ela estava tão nervosa que não sabia o que fazia. Pegou um livro, fechou e guardou de novo. Andou de um lado pro outro e nada do cavaleiro chegar.

-Cadê esse rapaz?

Paulo ia se arrastando e pensando qual era o motivo daquela torre ser tão alta e pensou que talvez fosse por ela ser muito feia e a altura era pras pessoas desistirem antes de chegarem e levarem um susto com a feiúra da moça. Mas o vento ia ventando no ouvido dele e ele ia subindo. O que tinha de ser feito era pra ser feito e ponto final, parágrafo.
Foi aí que a porta se abriu e Karolina viu o cavaleiro e Paulo viu a “mas ela não é feia”. E ficaram os dois ali olhando um pro teto e outro pro chão. Até que Paulo disse quase que num suspiro:

-Eu vim te ver. Eu sei que é tarde, mas me deixa entrar?

Karolina que nunca tinha ouvido a voz de um cavaleiro tão de perto ficou até arrepiada e respondeu a coisa mais boba que ela poderia ter respondido. Boba porque ela não tinha o que ela tava oferecendo pra oferecer:

-Você aceita uma xícara de café?

Paulo aceitou porque realmente queria e precisava beber alguma coisa, mesmo que fosse café quente pra se refrescar.

-Desculpa, mas eu não tenho café aqui. Tem essa cadeira muito confortável pra que se você quiser sentar pra relaxar as pernas.

Isso Paulo também queria:

-Nossa! Que cadeira confortável, a propósito, você é bonita.

A porta se fechou e lá dentro ficaram Paulo e Karolina. Dizem que já faz 1 ano que eles estão lá em cima. O que eles fazem ninguém sabe falar, não senhor, mas dá pra ouvir as risadas e as juras de amor que um faz pro outro e vice-versa constantemente. E o povo diz que Paulo nasceu pra Karolina e Karolina tava guardada pra Paulo.
O dragão teve que andar em cadeira de rodas enquanto suas pernas cresciam de novo, mas ainda solta fogo pelo nariz e agora protege o casal de qualquer paparazzo, jornalista, escritor, cronista, fofoqueiro ou coisas afins que se aproxima da torre.
E eles vivem felizes pra sempre. Vivem sim senhor. Com firma reconhecida em cartório, com três vias assinadas, carimbadas e xerocadas que é pra ninguém duvidar.