19 de junho de 2007

O mar é tudo aquilo que me falta

Ele já ia embora e sabia que ia se arrepender. Pra quê ir embora de um lugar tão bonito? Deveria ser pecado as pessoas morarem tão longe de lugares como aquele. Se um dia ele virasse presidente, ou melhor, quando ele virasse dono do mundo iria proibir as pessoas de morarem em cidades sem lugares como aquele. Era muita pretensão querer ser o dono do mundo? Mas era por uma boa causa: ele queria que todo mundo tivesse momentos como aquele que ele estava tendo.
Imagina ele dono do mundo? O mundo ia ser uma réplica bem grande do quarto dele. Sem as meias sujas jogadas por todo canto, ou talvez tivessem meias jogadas por aí, sim. O mundo seria um caos totalmente cheio de regras frouxas e insensatas, porque era assim que a mãe dele dizia que o quarto dele era. Caótico.
Mas se o mundo fosse dele seria cheio de momentos como aquele para todos. E o hino do mundo terminaria assim “Quando a gente fica em frente ao mar, a gente se sente melhor”. Porque era assim que ele se sentia: melhor. Era uma pessoa melhor e mais cheia de qualidades quando via o mar, quando ficava de frente pro mar.
O mar levava suas caras feias, suas reclamações, suas faltas, suas obviedades, seus traumas, suas chateações e trazia paz, sorrisos, comemorações, calma. E tudo isso no primeiro minuto de contato entre os dois.
O mar pra ele era o mundo e o mundo, pelo menos naqueles instantes, era dele.