17 de novembro de 2008

Sobre ser tia

Ser tia não é a coisa mais complicada do mundo. Na verdade, ser tia é bem simples, pelo menos no meu caso. Minha cunhada está grávida de 4 meses e ainda não se sabe o sexo da criança. As pessoas sempre acham alguma coisa. Meu irmão, o pai, acha que é menina. Minha cunhada, a mãe, achava que era menina, mas agora acha que é menino. Meus pais não sabem o que acham. Eu, a tia em questão, acho que vai ser uma criança. Não tenho opinião. Tinha ou achava que tinha, achava que ia ser menina até ver o ecografia. Sei lá, ver o feto lá todo se escondendo e chutando me pareceu tão coisa de menino, mas não me dou mais o direito de opinar.
Então, eu vou ser tia. Meu único irmão vai ter um filho. Sempre achei que isso fosse uma vantagem, ser a única irmã e ser, por conseqüência, a única tia dos filhos dele. Mas isso só se aplicaria se a esposa dele não tivesse irmãs. Tensão! Ela só tem irmãos. Sou a única tia! Será? Não! O problema é que o casal tem um milhão de amigas, conhecidas e colegas e todas elas se consideram tia do bebê. Eu tento me consolar pensando “sou a única tia legítima”, mas tia não é um parente, sei lá, muito legítimo. A maioria é lembrada por apertos nas bochechas e comentários panacas sobre algum aspecto da sua vida. “Ela tá trabalhando? Demorou ein!?” Não sei se a criança vai saber distinguir isso “Karolina Kopko é minha única tia legítima”. Não sei se quando ela nascer eu vá me preocupar com isso “Ninguém tasca, ela/e é minha/meu sobrinha/o”.
Quando eu disse que ser tia era uma coisa simples, disse isso porque como esse bebê tem muitas tias, eu não vou precisar me preocupar se já dei o chocolate de hoje porque com certeza alguma já deu. Mas se eu quiser ser a preferida, tenho que dar o chocolate. E se eu não tiver dinheiro pra comprar o chocolate? E se eu comprar um chocolate que a criança não gosta “Tia relapsa nem sabe o chocolate que o sobrinho gosta”. Retiro o que eu disse. Ser tia é uma coisa muito complicada.