11 de dezembro de 2006

(3)

Joaquim achava que Rita era a mulher da vida dele e sabia disso porque desde a primeira vez que a viu. Sentiu uma doideira tão forte dentro do peito que se não fosse por causa de Rita, ele devia ter um problema muito sério no coração.
Ali naquela fila sem fim, pensava só na Rita e no quanto ela ia ficar radiante quando ele se apresentasse e virasse pessoa importante. Tanto pensou que nem viu que a fila ia se diminuindo até chegar na vez dele.
-Nome, por favor?
A moça dos cabelos esticados tinha uma voz tão arrastada que parecia que a voz já não agüentava mais falar.
-Joaquim Moreira.
-O senhor vai se apresentar com esse nome?
O que diaxos as pessoas daquele lugar tinham contra o nome dele?
-É sim senhora. Que Joaquim é um nome de muita beleza. Se a senhora quer saber...
-Não, eu não quero saber.
Vixi que não era só o homem bem vestido que não tinha educação.
-O senhor vai fazer o que exatamente?
-Eu vim tocar flauta, pra virar pessoa importante e trazer Rita pra morar numa casa na beira da praia.
E por que não inventa um nome artístico que tem a ver com tudo isso?
Joaquim pensou, pensou...
-Meu senhor, eu não tenho muito tempo.
Foi í que Joaquim pensou no nome que talvez fosse dar certo.
-Joaquim, o flautista da Rita.
-Sem o Joaquim.
-Com o Joaquim, que esse é meu nome, que é uma versão masculina do nome da minha santa mãezinha, Joaquina.
-Tá meu senhor, como queira.
Joaquim era o número 048 e ia se apresentar depois de Gabo, o homem-banda. Sentia um frio tão grande na barriga que parecia que tava menos t30 graus no estômago
Será que a Rita ia assistir? Talvez o prefeito colocasse uma TV na rua pra população ver o filho pré-ilustre da cidade. Mas Joaquim queria mesmo que só Rita assistisse porque era só pra ela que Joaquim conseguia tocar. Tinha acabado de lembrar, ele tinha uma vergonha danada de tocar flauta pra outra pessoa que não fosse a Rita. Imagina pro resto do mundo inteiro?