26 de abril de 2007

Cara minha nada

Queria te contar como vivo hoje em dia, mas não consigo resumir a felicidade de estar longe de você em tão poucas e tão curtas palavras.
Não quero te encontrar, não quero saber se os móveis te culpam por você ter tomado uma decisão que podia ter sido minha, do vizinho ou do padeiro. Troque de móveis, troque de casa, troque de cidade... Faça o que você quiser da sua vida que não diz mais respeito a minha.
Você poderia ter me amado mais, sim. Eu poderia ter te amado mais, mas ambos sabemos que somos incapazes e seremos sempre incapazes de nos entregarmos de verdade a um... Como é mesmo que você chamou? A uma coexistência.
‘Adeus’ não só é fácil pra mim, como pode ter certeza que pra você eu digo quantas vezes fores necessárias.
Mas devo confessar que me esforcei ao menos no começo, pra que a nossa relação fosse pra frente. Pra que fossemos como aqueles casais que não estão destinados à tragédia. Mas como você disse, somos um casal destinado desde o inicio à tragédia, mas a uma tragédia besta dessas que ninguém faz questão de presenciar. Nociva a terceiros, como você disse. Mas o final trágico não me fez pensar que todo o resto tenha valido a pena. O que valeu a pena foi o ‘no happy end’, esse que você diz não se arrepender, mas a cada palavra que eu ia lendo das suas “coisas que ficaram mudas, mortas nas nossas bocas, ou nas nossas cabeças”, eu ia me dando conta que você anda querendo mostrar que não se arrepende, mas se arrepende profundamente.
Não, eu não tenho palavras que não foram ditas pra te dizer. Não vou atrás de você pra dizer ‘adeus’. Meu adeus vai por aqui mesmo e por aqui mesmo eu vou ficando.

Daquele que a partir de agora só que se ver longe de qualquer novela, seja ela mexicana ou dos confins do agreste.